O Desafio da Natureza Urbana (City Nature Challenge – CNC) é um evento internacional de ciência cidadã que reúne, todos os anos, pessoas de diversas partes do mundo com um objetivo comum: observar, registrar e compartilhar a biodiversidade local usando o aplicativo iNaturalist (https://www.inaturalist.org/projects/city-nature-challenge-2025). A iniciativa surgiu em 2016, nos Estados Unidos, e rapidamente se espalhou, tornando-se uma das maiores mobilizações globais em prol da natureza nas cidades (https://www.citynaturechallenge.org/). O Brasil participa do desafio desde 2018, e ao longo desses oito anos vem ampliando significativamente sua contribuição. Em 2025, o país contou com a participação de 22 cidades e regiões, reunindo mais de 2 mil pessoas que registraram 85.626 observações e identificaram 6.710 espécies. Ao todo, já são mais de 212 mil registros e quase 14 mil espécies documentadas em território nacional, graças ao envolvimento de cidadãos, pesquisadores e identificadores de todo o Brasil. Mais do que números impressionantes, o CNC tem mostrado seu valor como ferramenta de educação ambiental e engajamento social, incentivando o contato direto com a natureza e fortalecendo a relação das pessoas com o meio em que vivem. É também uma forma concreta de gerar dados úteis para pesquisas científicas e para a formulação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade. Entre os destaques de 2025 no Brasil, estão o registro de um macaco-aranha-da-cara-branca (Ateles marginatus) em Sinop (MT) que é uma espécie endêmica e ameaçada de extinção, e a observação da flor símbolo do Cerrado brasileiro (Calliandra dysantha) por uma criança de apenas 9 anos em Arinos (MG), e uma diversidade de aves, fungos, formigas e plantas por todo o país que ilustram a riqueza e a potência dessa iniciativa. O Desafio da Natureza Urbana reafirma que todos podem fazer ciência, e que cuidar da natureza começa com o ato simples de observar.

resultados do desafio da natureza urbana no Brasil

Arte e organização e escrita: Liliane S. Matos (PPGCAM-UFMT) e Eric Fischer (IBAMA).